Pelo segundo ano, os alunos de design do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia tiveram aula sobre o uso do acrílico e a oportunidade de colocar a teoria em prática em competições que estimulam tanto a criatividade quanto seus conhecimentos técnicos
O acrílico é sem dúvida um dos materiais mais versáteis em disposição para o mercado de design de produtos. No entanto, nem todos os profissionais do setor têm um conhecimento profundo sobre o material, o que acaba tornando seu uso bastante restrito e até previsível no mercado nacional em relação a mercados mais maduros, como o mercado europeu, americano ou até mesmo o mexicano, por exemplo. É justamente para tentar mudar essa realidade que o ILAC – Instituto Latino-Americano do Acrílico – acertou uma parceria com o Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia. Por meio dela, alunos do primeiro ano do curso de design do Centro Universitário, que fica em São Caetano do Sul, SP, participam de uma aula na qual são abordadas as principais características do produto, assim como as vantagens, variedade e aplicações do material. Tal versatilidade, diz a professora doutora Márcia Cristina de Oliveira Holland, faz com que o acrílico seja um produto chave no “universo do design”. Segundo ela, “nenhum material consegue tanta flexibilidade de uso quanto o acrílico”, isso explica por que ele está presente em diversas categorias de produtos, como mobiliário, eletrodomésticos, equipamentos médico hospitalares, brinquedos, joias, bijuterias e acessórios, além de artefatos diversos.
Marcelo Thieme, presidente do ILAC, explica que a ideia da parceria vem de antes da pandemia, quando as conversas entre o ILAC e o Centro Universitário começaram. Depois de formatado um modelo de trabalho, a aula pode ser ministrada, tendo sua primeira turma formada no ano passado e, a segunda agora neste ano. O trabalho é composto por uma aula, na qual o eng. João Orlando Vian, executivo do ILAC, aborda o uso do acrílico e suas especificações. Depois de receber instruções teóricas e práticas, é a vez dos estudantes colocarem suas ideias em ação. Como parte das atividades eles precisam atender uma demanda do Instituto que a cada edição tem um tema específico. Neste ano, por exemplo, a proposta é de entregar um mobiliário de alto luxo. 20 equipes concorrem ao título de melhor trabalho.
Para que os projetos saiam do papel, os alunos recebem gratuitamente chapas acrílicas oferecidas pela Castcril – empresa patrocinadora do projeto. No ano passado, as chapas disponibilizadas foram as Green Cast, produzidas com sucatas recicladas, já que o apelo por produtos sustentáveis se torna mais forte a cada ano. “A aparência deste material não compromete a estética e a funcionalidade de produtos. Considerando a importância da sustentabilidade como elemento transversal na formação do designer, a flexibilidade e o custo, o acrílico deve ser incentivado como material a ser aplicado em produtos para os mais diversos fins”, explica Márcia.
O coordenador do curso de Design da instituição, professor doutor Everaldo Pereira, diz que é uma característica institucional do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia realizar parcerias com empresas de forma a trazer o universo do trabalho ao mundo acadêmico. Ainda segundo ele, as parcerias permitem a ampliação de referências práticas no design. “Na edição passada, os estudantes ficaram encantados com a possibilidade de aplicar metodologias, projetar e concretizar o produto por meio de maquetes de acrílico. Graças à parceria estratégica com o ILAC, esses eles recebem um desafio real e têm contato com o universo do design. Os resultados são muito satisfatórios e os alunos sentem-se motivados verificando a relação entre a teoria e a prática”.
Thieme explica que ampliar o conhecimento sobre o acrílico entre os estudantes de design faz parte da forma estruturada como o ILAC vê o mercado de acrílico. Os designers, assim como os engenheiros, arquitetos e outros profissionais que trabalham com a criação de produtos, são os responsáveis por fazer com que o acrílico seja percebido como um material potencialmente adequado para projetos distintos. São eles e não o cliente final que estimulam o consumo através das obras e itens que criam. Assim, nada mais justo do que investir na formação desses profissionais.
Além disso, acredita o presidente do ILAC, são as gerações futuras de profissionais que acabam por estressar as fronteiras do que é ou não possível no mercado, fazendo com que novas aplicações e novos produtos surjam, incentivando e obrigando o mercado a evoluir. “Esses futuros profissionais vão criar coisas novas, vão nos desafiar até que nós, fabricantes e transformadores, trabalhemos de uma maneira diferenciada também, para atender essa demanda que vai aparecer. Isso é muito importante, porque aumenta o nosso conhecimento e isso faz com que a gente melhore. É esse jovem que, como especificador e entusiasta, vai fazer com que o mercado cresça, porque ele é o criador de opinião. Ele vai influenciar”.
Thieme ainda ressalta que o fato de o Centro Universitário perceber o acrílico como material importante para o setor ainda mostra que “o material está em alta e que tem um enorme potencial”. No ano passado, o mercado brasileiro de chapas acrílicas foi de cerca de 12 mil toneladas. Tal valor inclui tanto as chapas acrílicas virgens como as ecológicas, feitas através da reciclagem de chapas usadas.