Nestes tempos em que o plástico se tornou vilão ambiental, o setor de acrílico, mais especificamente o que trabalha com a recuperação de sucatas do material, mostra-se altamente sustentável. Por ano, mais de 1200 toneladas do material são recuperadas só aqui no país.
Imagine que todo mundo usa o que compra por um longo período de tempo e que, quando resolve descartar esse produto, por diferentes motivos, ele pode servir como matéria-prima para produção de outro produto novo. Nada de novo nessa prática, não é mesmo? Lógica que move a economia e a logística reversa, não fosse por um entrave: na prática ela não tem funcionado. Mas tem um setor que merece destaque – o de acrílicos. Por lá, a recuperação e o reaproveitamento de sucatas são realidade, assim como as chapas ecológicas – produto final do reaproveitamento de sobras industriais. “Por ser um plástico com maior valor agregado, o acrílico não é descartado facilmente. Tenho clientes para os quais fiz cadeiras há mais de 12 anos que uma vez ou outra aparecem pedindo para polir o material. Claro que, a valorização também tem um lado ruim, pois o produto acaba sendo menos utilizado em tempos difíceis, mas o acrílico não é descartável, muito longe disso”, explica Marcos Rodrigues, diretor da Sheet Cril.
Neste sentido, lembra João Orlando Vian, consultor executivo do INDAC (Instituto Nacional para o Desenvolvimento do Acrílico) não se pode confundir o plástico de uso único – descartável – com o acrílico, que é o material plástico que menos se descarta, principalmente por conta de sua valorização. “Só para se ter uma ideia, o preço pago pelo mercado por um quilo de sucata de acrílico é de em média 1 dólar. E vale ressaltar que para se fazer um quilo de chapa ecológica é preciso dois quilos de sucata, já que processo envolve perdas durante refino”, ressalta Gonçalves.
A Sheet Cril, que fica em Arealva, interior de São Paulo, é hoje a maior recicladora de acrílico do país. Por lá, são recicladas por ano cerca de 800 toneladas de acrílico, que após processadas resultam em cerca de 400 toneladas de chapas ecológicas. Considerando todo o país, que atualmente conta com nove empresas recicladoras de acrílico, de 100 a 120 toneladas de chapas acrílicas por mês são reaproveitadas. “Esse número pode variar bastante dependendo do mercado, mas, no geral, a maior dificuldade das empresas deste segmento é mesmo encontrar sucata. Não há sobra pra que você consiga atender uma maior demanda. Lembrando que a maior parte do material com que trabalhamos são sobras industriais”, afirma Marcos.
Ao contrário do que acontece normalmente no mercado, em que os produtos ecológicos são mais caros que suas versões padrões, no mercado de acrílico, as chapas recicladas vão para o mercado com um valor em torno de 20% mais baixo que as chapas originais. A preferência por chapas coloridas é maior entre os compradores de chapas ecológicas do que entre os compradores de chapas virgens. Enquanto no segmento ecológico as chapas coloridas movimentam 40% das vendas, no de chapas transparentes ou cristais respondem por cerca de 20% das vendas.
Por outro lado, como acontece no mercado de chapas acrílicas no país, o segmento de comunicação visual também é o que mais consome acrílico ecológico. Responde por cerca de 70% da demanda. E as vantagens oferecidas não deixam por menos: elas são mais facilmente moldadas e possuem durabilidade muito similar a de uma chapa virgem, ressalta o diretor da Sheet Cril. “Temos testado aqui na empresa também, com bastante sucesso, a produção de luminosos e letras caixas feitas inteiramente em acrílico, sem fundo misto, que, graças à adição de um protetor solar podem ser usadas mesmo em ambientes externos”.
Novo player de Chapas Acrílicas Ecológicas
De olho neste mercado, a Castcril, maior produtora de chapas acrílicas do país, desenvolveu uma chapa de acrílico ecológica que promete superar as ofertadas atualmente. “Desenvolvemos uma matéria-prima de alta qualidade, feita para atender especialmente grandes empresas. Nosso objetivo é quebrar o paradigma de que o acrílico reciclado deve ser aplicado apenas em projetos que visam redução de custo e baixa exigência de qualidade”, explica William Oliveira, diretor da empresa.
O novo produto será lançado no início de 2020, que há um ano já trabalha com a reciclagem do acrílico. Ainda segundo Oliveira, o baixo reaproveitamento de materiais plásticos hoje no país se deve a falta de educação ambiental e de políticas públicas que incentivem a reciclagem. Neste sentido, ressalta ele, o acrílico é um plástico sem igual, 100% reciclável, mas vale lembrar que mesmo ele sofre com a falta de políticas públicas que incentivem o uso e a comercialização de materiais reciclados.
Apesar da maior oferta do produto no mercado, executivo do INDAC alerta para a importância de ficar atento à qualidade do produto e critérios de reciclagem adotados pela empresa. No caso das chapas, vale conferir os aspectos visuais da superfície, além das resistências química e mecânica, que precisam ser comparáveis a do produto original.
Processo de Reciclagem do Acrílico
Diferentemente de outros plásticos, o acrílico é reciclado quimicamente e, no processo, não é preciso que matéria-prima nova seja adicionada à sucata para reciclagem. Aliás, bom ressaltar que a reciclagem do acrílico não aceita mistura, do contrário, pode haver a contaminação do produto – MMA ou metacrilato de metila.
De forma resumida, a reciclagem do acrílico é feita da seguinte forma: primeiro há a separação e limpeza da sucata de chapas acrílicas que serão trituradas e fundidas. Os gases resultantes desta queima são volatilizados e transformados para o estado líquido e consequentemente decantados. Os resíduos derivados do processo de fundição são encaminhados para utilização como fonte de energia em altos fornos. E, assim, tudo vai ganhando um fim na cadeia, sem sobrar e poluir. Já o MMA purificado é reutilizado na fabricação das chapas acrílicas ecológicas.
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Artigo sobre Reciclagem do Acrílico no Brasil
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