A necessidade de isolar ambientes e proteger pessoas da exposição ao novo corona vírus fez com que o mercado de acrílico no Brasil saltasse para o patamar de 10.501 toneladas vendidas durante o ano, volume que não era atingido desde 2015
Se de um lado a pandemia do Sars-Cov-2, também conhecido como Covid-19, paralisou a economia global, de outro fez com que novas demandas surgissem. É o caso das barreiras de proteção de acrílico que se tornaram peças obrigatórias e cada vez mais constantes em lugares públicos – de restaurantes a caixas de supermercado. Elas foram, sem dúvida, as grandes responsáveis pela alta na demanda de acrílico no país em 2020. Em 2019, por exemplo, o setor amargou uma queda nas vendas de 8,4% em relação a 2018, com um total de 9.430 toneladas de acrílico comercializados. Já no ano passado, esse número saltou para 10.501 toneladas, um crescimento de 11,4% ante a 2019. “Ao perceber que o setor de comunicação visual, que geralmente responde pelo maior consumo de acrílico no país, não iria alavancar negócios, os empresários do setor foram rápidos em se adaptar e criar produtos direcionados para o combate da proliferação da Covid-19”, afirma Marina Vitoruzzo, vice-presidente do INDAC (Instituto Nacional pra o Desenvolvimento do Acrílico) e gerente para América Latina da Lucite International.
Segundo Vitoruzzo, a rapidez com que os transformadores de acrílico do país perceberam essa nova oportunidade de mercado surgiu já no início da pandemia. Nessa época, algumas empresas do segmento produziram e forneceram cúpulas de intubação que ajudavam a isolar pacientes e a proteger médicos e enfermeiros em hospitais. Das cúpulas às barreiras não levou muito tempo. “O desenvolvimento desses itens fez com que algumas empresas se posicionassem corretamente para atender à nova demanda. As barreiras de acrílico que separam músicos na Sala São Paulo são um bom exemplo dessa capacidade que o segmento teve em responder com agilidade a esse momento da nossa história”, diz a gerente da Lucite.
Das mais de 10.500 toneladas de chapas acrílicas consumidas no Brasil em 2020, 5.317 toneladas foram importadas. Isso significa que a importação responde, mesmo que com diferença mínima, pela maior fatia de consumo do produto no mercado nacional, com 50,6% de participação, apesar da ociosidade instalada de cerca de 70% da indústria nacional.
Apesar do resultado positivo, o ano de 2021 ainda parece bastante incerto, diz a representante do INDAC. Segundo ela, os empresários do segmento mantêm expectativas bem realistas para este ano: “Seguimos longe ainda de ter superado a pandemia ou de ter uma normalidade econômica em que alguns fatores de demanda possam ser previstos, mas já não acreditamos que a demanda por barreiras de proteção, por exemplo, siga alçando o setor. De outro lado, muitas empresas dos segmentos de comunicação visual ou de eventos, por exemplo, seguem sem trabalho, e assim não podem retomar projetos. A certeza que fica é que 2021 será mais um ano que exigirá de nós a capacidade de se reinventar”.
Apesar de não acreditar numa alta na demanda para este ano, a vice-presidente do INDAC diz que o setor segue firme no objetivo de alcançar, até 2022, a meta de 14.000 toneladas de chapas acrílicas vendidas no país, incluindo as chapas ecológicas. Para chegar lá, diz ela, as empresas do setor têm trabalhado fortemente na divulgação das vantagens do acrílico – matéria-prima altamente durável e versátil – não apenas no mercado de comunicação, no qual o produto já é bastante conhecido, mas também nos setores de arquitetura, construção civil e móveis, “onde o acrílico pode ajudar a valorizar o produto final”, finaliza Vitoruzzo.