As baterias de acrílico ficaram famosas na década de 70 e depois de um período em extinção renascem aos poucos pelas mãos de apaixonados pela beleza da música.
Não é só nos escritórios, residências e lojas que o acrílico se destaca. O material brilha, e muito, também nos palcos. A moda começou na década de 70 pelas mãos do baterista inglês John Henry Bonham, da banda Led Zeppelin, que dividiu sua fama com uma bateria de acrílico lançada pela Ludwig em 1972. Não demorou muito para a chamada linha Vistalite tornar-se marca registrada do mestre do rock e adquirir status de sonho de consumo na época.
Mas com o tempo o acrílico foi ofuscado pela ambição dos norte-americanos em expandir o mercado ávido por novidades e aos poucos saiu de cena para dar lugar as baterias feitas de diferentes tipos de madeira. O que eles não contavam é que algumas pessoas jamais esqueceriam o som do clássico kit em acrílico e não poupariam esforços para escutá-lo novamente.
É o caso de Ivan Copelli que começou a tocar bateria no final da década de 80, quando a febre do acrílico já perdia força nos Estados Unidos e, consequentemente, no Brasil. Foi quando um amigo mostrou um som que tinha gravado com uma caixa de acrílico: foi o suficiente para o seu fascínio renascer. “O som era demais, inconfundível, e coloquei na minha cabeça que ia fazer aquele som de qualquer jeito”, diz o músico. “Como já não existiam essas peças mais no mercado eu decidi correr atrás para montar a minha.”
O sucesso veio já na primeira aparição em público. “Na época eu tocava em algumas bandas e quando as pessoas ouviram o som foi um efeito colateral. Todo mundo queria ter igual”, conta Copelli que montava as caixas e ensaiava em um quarto do apartamento quando chegava do trabalho.
Coincidência ou não as baterias de acrílico voltaram à moda nos Estados Unidos e prometem esquentar o mercado nacional. A Ludwig, inclusive, relançou a linha Vistalite, inteiramente em acrílico com o mesmo visual da bateria que revolucionou os anos 70. O investimento de grandes fabricantes no acrílico desmitifica o material que ainda é visto com certo receio no Brasil. No Brasil, as baterias em acrílico custam entre R$ 2,0 mil a R$ 4,0 mil e podem ser encontradas nas lojas especializadas em instrumentos musicais, principalmente nas lojas da Rua Teodoro Sampaio em São Paulo.
Além da qualidade sonora das baterias em acrílico, o visual pesa muito na escolha do instrumento e nesse aspecto o acrílico também leva vantagem. Principalmente quando se trata do primeiro instrumentos o músico vai muito mais pelo visual do que pelo som e o acrílico tem muito mais destaque do que outros materiais.
Baterias de Acrílico versus Madeira
Cascos de madeira podem variar sutilmente desde agudos até graves, enquanto nos tambores em acrílico essa frequência é média. Por ser uma superfície mais dura e também muito mais lisa do que a madeira, as ondas sonoras dentro dos tambores de acrílico rebatem muito mais, ampliando em até 30% o volume e bem mais harmônicos, lembrando também que ao contrário dos cascos de madeira, o acrílico não sofre com calor, umidade e mofos.
A resistência é outro ponto positivo do acrílico, pois com o uso de chapas de 6,0 mm de espessura as baterias ficam fortes e leves, permitindo que suas características se mantenham mesmo depois de décadas de uso. O constante ‘stress’ promovido pelas vibrações das batidas das baquetas ou dos pedais de bumbo ao longo da vida da bateria, em nada altera sua resistência, estrutura ou colagem.
Por ser um material transparente a tendência é que os riscos se destaquem mais quando comparados aos instrumentos de madeira e por isso as baterias de acrílico exigem cuidados especiais de armazenamento, transporte e manutenção. Em caso de riscos profundos, a recomendação é procurar uma empresa especializada em polimento, pois na maioria dos casos é possível recuperar totalmente a peça.