De projeto arquitetônico de 20 toneladas aos objetos mais delicados, plástico nobre ajuda a criar peças únicas, cheias de identidade e sofisticação.
Para incentivar mais profissionais a exporem seus projetos e descobrirem o poder do acrílico, o INDAC (Instituto Nacional para o Desenvolvimento do Acrílico), criou o Prêmio Design em Acrílico. Neste mês, o Instituto anunciou os ganhadores da quinta edição do prêmio, que teve inscrições abertas até 14 de dezembro do ano passado. “Tivemos inscrições de todo o país, o que nos permite conhecer e apresentar para o mercado o trabalho feito por profissionais e empresas de todos os cantos do Brasil. E isso é muito bom, pois permite que trabalhos feitos fora do eixo Rio-São Paulo sejam apresentados e reconhecidos”, diz Carlos Rizzo, arquiteto fundador da Acrilaria e membro do corpo diretivo do Instituto.
Nesta edição do Prêmio, o primeiro lugar ficou com o projeto COBERTURA RETRÁTIL DO SHOPPING CIDADE JARDIM, em São Paulo. Maior cobertura telescópica da América Latina, a obra pesa 20 toneladas e conta com sistema retrátil motorizado, além de 16 módulos compostos de alumínio estrutural e cobertos com chapas de acrílico cast transparente de 3mm de espessura cada. “Precisávamos cobrir duas áreas de 15mX30m cada no último piso do shopping. Projetamos então, para cada uma delas, oito conjuntos de estruturas metálicas independentes, sendo apenas dois deles fixos. O acionamento é feito via controle remoto”, explica Marco Antonio Pie, responsável pelo projeto. “Optamos pelo acrílico pela leveza e transparência que ele proporciona. O manuseio das placas nos conjuntos, manutenção, conforto térmico e acústico, também impactaram na escolha do material”, conta.
Embora seja amplamente usado em edificações em países da Europa e da Ásia, principalmente porque é mais durável e transparente que o policarbonato, o acrílico ainda é pouco explorado pelos arquitetos e engenheiros civis brasileiros, conta Rizzo: “A escolha acertada do material nesse projeto chamou bastante a atenção de nós jurados, que ainda ficamos bastante impressionados com a beleza do trabalho”.
Que o acrílico vai bem com tudo não é nenhuma novidade, mas a capacidade de adequação do produto aos mais diferentes tipos de projetos surpreende até mesmo quem já trabalha com o material há muitos anos. “Recebemos trabalhos de diversas modalidades, o que mostra na prática a versatilidade que o acrílico tem de atender a diferentes propósitos e demandas. Não por menos ressaltamos que o acrílico é incrível para nichos diversos, como a movelaria, a comunicação visual, a iluminação, a arquitetura e a engenharia. Se fossemos separar os projetos que recebemos por áreas, teríamos com certeza uma dúzia de nichos diferentes sendo representados”, diz Rizzo.
E é do segmento de design de interiores que vem o segundo projeto premiado pelo Instituto nesta edição do evento. A ADEGA DE VINHOS de Alexandre Lima, de Recife, com prateleiras verticais de acrílico e furos angulados, espelho e iluminação especial, proporcionaram um ambiente mágico, onde a garrafa do vinho suspensa parece flutuar, totalmente livre de qualquer interferência visual, tanto na parte da frente como na de trás. No projeto, conta Alexandre, o grande desafio foi o de deixar as garrafas em ângulo inclinado com apenas um furo nas pranchas verticais de acrílico, como sustentação. “Para resolver, aumentamos a espessura da chapa para proporcionar mais área de sustentabilidade ao gargalo, daí partimos para os furos angulados e transversais, pois desta maneira as garrafas ficariam na posição correta de repouso”, explica.
Lima, que foi revendedor de chapas de acrílico no começo do seu trabalho, descobriu na transformação da peça sua verdadeira vocação: “O acrílico se ajusta a tudo que se deseja, com uma farta diversidade de cores, espessuras e formas. É só pensar e desejar que se cria”.
Direcionada ao segmento moveleiro, a POLTRONA NOME – AK, de Thais Oncken, ficou com o terceiro lugar da premiação. A peça, que mistura acrílico transparente e madeira de demolição traduz não apenas a versatilidade que esse plástico nobre tem de ser moldado das formas mais variadas, mas, principalmente, de sua enorme capacidade de adequação a outros materiais. “O acrílico é extremamente resistente, transparente e tem muitas características positivas para ter seu uso muito ampliado no design de interiores ou em projetos de arquitetura e engenharia, como guarda-corpos de prédios e escadas e boxes de banheiros. Convido a quem não conhece todas as propriedades desse material a conversar com o INDAC ou comigo para conhecer e pensarmos juntos em projetos inéditos com esse incrível material”, diz Thais.
Oncken é designer e trabalha exclusivamente com acrílico há seis anos. “Todas as minhas peças são pensadas nesse material, que é um material muito nobre. Eu tenho a filosofia de fazer minhas peças para serem as protagonistas dos ambientes, como fiz na Casa Cor 2018 e na Mostra Morar Mais 2019”, conta.
Júri Popular
Além das escolhas feitas pelos jurados do INDAC, a entidade ainda promoveu um júri popular em seus canais de comunicação digital, onde foram escolhidos outros três projetos. O primeiro colocado desta categoria foi o APARADOR COLONIAL DE ACRÍLICO, de Danilo Cardoso: “A peça define-se em uma mistura de estilos. Os pés foram inspirados nos móveis talhados em madeira trazidos pelos portugueses ao Brasil colônia. Já o tampo tem um estilo mais contemporâneo. Desta forma aliamos o design do móvel à nobreza e sofisticação do acrílico”, conta. O móvel foi desenvolvido para um projeto de decoração da arquiteta Mônica Andrade em um apartamento no bairro nobre de Salvador”, conta o empresário.
O segundo lugar da escolha popular ficou com a MESINHA DE CENTRO OU CANTO, de Paulo Sérgio de Oliveira e Silva. Nela, de forma totalmente artesanal, o designer uniu acrílico e madeira, aplicando no plástico a arte milenar da marchetaria. “Essa experiência recente de manipular o acrílico me mostrou que o material é um mundo que não tem limite para criações”, explica o marceneiro que tem artesanato como hobby.
O segmento de comunicação visual e merchandising, que é, no país, o maior consumidor do acrílico, também teve um trabalho ressaltado na premiação. O TROFÉU DO PRÊMIO MINUANO DE LITERATURA, desenvolvido por Bárbara Lopes, surpreende pela composição e leveza. “Esse troféu foi criado para atender um concurso literário com temática no vento Sul, aquele que traz as tempestades e, aqui no Sul do Brasil é chamado de Vento Minuano”, conta Bárbara. Entre os desafios do projeto, diz ela, que há mais de 20 anos trabalha com criação e desenvolvimento de peças em acrílico, estava a confecção das páginas em ângulos que ficassem seguros, mas, ao mesmo tempo, que remetessem a sensação de folhas sendo sopradas pelo vento. Deu certo.
Prêmios
Única premiação do setor de acrílico no país, o Prêmio Design em Acrílico do INDAC visa valorizar os trabalhos que melhor ressaltam algumas das muitas características do material, como beleza, transparência, versatilidade, leveza e alta capacidade de propagação da luz.
Neste ano, o 1º colocado ganhou um tour no Salão de Design de Móveis de Milão (ISALONI), com direito também a estadia na cidade italiana, além de traslado do hotel ao evento. Os outros ganhadores terão seus trabalhos expostos pelo INDAC, além de receberem um troféu assinado por Carlos Rizzo, e confeccionado exclusivamente para o Prêmio.